Você está visualizando atualmente De que forma a COVID-19 afeta as emergências ambientais?
Envigo Covid-19 e as emergências ambientais

De que forma a COVID-19 afeta as emergências ambientais?

Na última semana muitos jornalistas produziram matérias sobre os efeitos da pandemia sobre o meio ambiente.

Dentre eles, um me chamou mais a atenção, do jornalista Christopher Flavelle do New York Times sobre como o Coronavirus aumenta o risco das grandes cidades para efeitos climáticos.

Consigo enxergar, na mesma esteira de pensamento de Flavelle que o surgimento do COVID-19 dilui a preocupação de cidades, estados e países com projetos e ações de preservação ambiental, redirecionando recursos para o combate a pandemia.

Empresas privadas do setor de combate a emergências ambientais reduziram o efetivo operacional, reduziram salários em até 50%, e em alguns casos desligaram parte de suas equipes.

Já empresas e órgãos estatais também reduziram o efetivo como modo de reduzir a chance de transmissão do COVID-19. E o que isso significa em relação ao combate a emergências ambientais?

Significa que o tempo de resposta a qualquer situação emergencial será muito maior do que qualquer legislação ou senso comum poderia aceitar.

Tempo de Resposta

A primeira linha de resposta a emergência está longe de escritórios ou bases operacionais, aguardando convocação para trabalhos eventuais.

Ao tempo de primeira resposta deve-se somar, então, o tempo de deslocamento das equipes até as bases de operação, mais tempo de organização e preparação, para só então iniciar-se o deslocamento até o local da emergência.

Mas este cenário é pior para as empresas que efetuaram demissões. Estas ainda deverão buscar profissionais autônomos com experiência, disponíveis, para atuarem por demanda. Nestes casos, o tempo de resposta poderá ser muito aquém do desejável.

A questão da mão de obra disponível não é a única a preocupar.

Com a ausência de profissionais em quantidades adequadas em bases de atendimento, não existem garantias de que equipamentos, materiais e outros insumos estejam em condições adequadas para uso, uma vez que podem não estar sendo cumpridas revisões e manutenções necessárias e que ficaram indisponíveis pelas ações quarentenárias de estados e municípios.

E algumas garantias também faltam do lado de quem precisa contar com este serviço. A chance de, no meio desta pandemia, o plano de emergência ter se tornado desatualizado é considerável.

Empresas e indústrias têm por hábito, quando da necessidade de reduzir o impacto da folha salarial nos resultados financeiros em tempos adversos como este, desligar ou trocar pessoas chave das áreas de segurança do trabalho e meio ambiente.

Se isto ocorreu, a linha de responsáveis a serem comunicados no caso de acidentes já foi afetada e pode acarretar em ineficiência da resposta aos acidentes.

E se …

Em meio a todos estes cenários de interferências, podemos imaginar um cenário recente. E se houvesse outro evento como Mariana/MG neste momento? Como protegeríamos pessoas e meio ambiente? E se tivéssemos outro evento como Brumadinho? E se fosse um grande acidente em alguma área portuária?

Dentro destes cenários possíveis, é necessário que governos de todas as instâncias determinem o atendimento a emergências ambientais como serviço essencial, e também benefícios para que estas empresas continuem ativas e com capacidade de plena resposta neste momento. A ausência deste tipo de respaldo pode ter consequências devastadoras em uma economia já fragilizada pela pandemia.

Deixe seu comentário ou entre em contato para mais informações.

Arthur Amaral

Engenheiro ambiental sênior com 15 anos de experiência em empresas de pequeno, médio e grande porte, com atuação técnica e comercial. Destacada atividades de análise, investigação e remediação ambiental de áreas degradadas, auditorias ambientais, atendimento a emergências ambientais e químicas, além da aplicação de treinamentos técnicos.

Deixe um comentário